Opinião

Ponha no lixo todo o seu amor

Por Evoti Leal
Barbeiro e escritor

O primeiro texto que escrevi sobre o tema foi publicado no Facebook e enviado a alguns amigos pelo WhatsApp em 11/11/2019, sob o título "Jogue o amor no lixo".

Mais recentemente, andei repaginando esse texto em um dos meus livros, enviando-o para um número maior de leitores, incluindo vários novos amigos.

Dada a relevância deste assunto, resolvi trazê-lo novamente à baila, escrevendo um novo texto, com outras palavras, sem, contudo, mudar em um milímetro sequer o sentido da mensagem.

Penso ser preciso, de fato, colocar no saco de lixo, aquele que depositamos na lixeira existente na calçada, para que o caminhão da coleta o leve para bem longe dos nossos olhos e nariz, todo o amor que porventura temos no nosso coração.
Esse amor pode ser traduzido por respeito, solidariedade e generosidade, que devemos ter para com aquelas pessoas que vão, de lixeira em lixeira, catando o material reciclável que ali se encontre, a fim de fazer algum dinheiro pra sua sobrevivência, ou para o sustento de uma família em dificuldades financeiras, por vezes incluindo crianças, não raro, famintas e desnutridas.
Pôr o amor no lixo pressupõe pensar nessas pessoas e procurar facilitar-lhes o trabalho, tão digno e tão útil quanto o de qualquer um de nós, independente da área em que atuemos.

Os recicladores, como são chamados os catadores de materiais recicláveis em Curitiba, exercem uma atividade importantíssima em prol do meio ambiente, o qual também é parte integrante e inseparável da vida da gente.

Mas, como é que se põe o amor no lixo, como sugere o título desta crônica, que de início deve ter impactado alguns leitores, por conta do duplo sentido dessa expressão?

Muito simples: Começa por você, que coloca em um saco plástico tudo aquilo que considera lixo, produzido a partir de sobras de alimentos, cascas e bagaços de frutas, cascas de legumes, entre outras coisas. Não as devemos misturar com embalagens de produtos industrializados, feitas de papel, papelão, celofane, plástico, alumínio, metal e vidro.

Esses materiais são recicláveis; devem ser acondicionados, limpos, em outro saco. Por exemplo: caixas de leite longa vida, potes de maionese e margarina, frascos de mostarda ou catchup, por serem gordurosos, uns, e sujeitos a mofo e azedume, outros, devem ser lavados com água e sabão ou detergente antes do descarte.

Jamais misture restos de comida a recipientes e garrafas pet ou latinhas de alumínio, como as de refri e cerveja, que são alvos de maior interesse dos recicladores, tendo em vista o seu valor comercial bastante atraente.

Pior é que tem gente que mistura esse material até com fraldas descartáveis sujas, absorvente íntimo e papel higiênico usado. Aí não dá! Um horror, pra quem trabalha com reciclagem.

De resto, é só deduzir do aqui exposto outros tantos motivos pelos quais essa prática pode ser considerada crime ambiental, de lesa humanidade, cometido, inclusive, por pessoas de bom nível cultural e de excelente condição econômica.

E já estamos sendo punidos, de variadas formas, através das respostas dadas pela Natureza, como fruto das agressões a ela impostas pelos homens deste tempo. É só olhar e ver!

Por que, então, seres inteligentes que somos, teimamos em não fazer a coisa certa, em não colocar amor no que fazemos, se a nós mesmos estamos prejudicando com isso?

Ainda podemos virar esse jogo, antes que o tempo regulamentar se acabe!

(Do livro "Vem! A vida te convida a viver" - crônica n° 8)

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